sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Exílio

Extirpado do seio da sociedade, a qual servi e honrei inesgotavelmente durante estes anos de minha vida. Há tempos atrás, você me veria, incrívelmente confiante, passos firmes em direção a um futuro correto, com a simplicidade de um plano perfeito, prazos e datas pré-confirmados. Hoje eu vivo em casa, assustado com a velocidade do mundo lá fora, a pressa, os compromissos inadiáveis, limite de caracteres, limite de minutos, limite de participantes, limite de vagas. O meu plano molhou quando choveu e agora está todo borrado, mas mesmo assim vou teimar em seguí-lo, confesso, hesitei. Venho tentando pisar firme em um deserto de areia movediça, todos são irritadiços, tenho medo de acordar alguém. O que fazer quando o espetáculo chega ao fim. Quando a magia vai acabando e o cheiro do trânsito toca novamente nossas vidas? Vejo muitas pessoas correndo, mas pra onde? Vejo pessoas fugindo, de quê? Vejo tudo errado, mas ninguém parece perceber. Acho que ando vendo coisa demais, é melhor tentar fechar meus olhos e dormir e amanhã começarei o dia novamente com auspícios simples, comer, ir, voltar, trabalhar, dormir e esqueçerei os verbos mudar, criar, surgir, desmantelar, acordar.

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