quarta-feira, 27 de maio de 2009

Depressão Rock City

Uma nota dá o tom desta cidade, e ela se repete, ininterruptamente. As pessoas em seus velhos kadettes envenenados, de todas as cores, uma salada de kadettes; vestindo suas roupas de couro sintéticas e um chápeu enorme, ridículo. A cidade é em forma de hexágono, o setor sul é pior que o norte e o leste infinitamente inferior ao oeste. E eu exatamente no centro, aonde não moram pessoas, só turistas, aqueles que estão de passagem... Um estranho no ninho. Vejo olhares furtivos, desconfiados, sorrateiros, sinto o cheiro de poeira e de fábricas, de fumaça e de sujeira. E a mesma nota se repete. A cor da vez é o branco, na parede do meu quarto, no chão, na página que eu escrevo, mas lá fora é o cinza, de tudo, até dos animais. A grande árvore morta simboliza tudo, posso vê-la de minha varanda, sempre esteve morta, assim como esta cidade, um grande cimitério, um hospital para loucos, o recanto de aranhas e visigodos. Existem duas classes de pessoas em Depressão Rock City, moçinhos e vilões, não há meio termo. A cidade tem gosto de pólvora, e tem um ar de medo, da calma que precede a bomba. E vez ou outra ela explode e acerta alguém. Os mesmos lugares, com pessoas desonestas, despropositadas, todas com um único objetivo, o errado. É o resultado da marginalização de tudo que não presta, o esconderijo da escória. Dos desmanches, dos traficantes, dos assassinos. E eu já perdi o medo, tenho minha própria shotgun e meu velho estabelecimento, sou um velho lobo marcado pelo tempo, faço minha própria segurança, já não tenho medo dos moçinhos.

Um comentário:

  1. Esta é a caracterização perfeira THE ROCK CITY.
    Uma cidade fria, sem emoções, que exala o medo e decepção.
    Tendo essa cidade apenas um sentimento; A SOLIDÃO

    Gde abraço Otten!!! Texto muito bem elaborado!

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